Ontem vi uma situação na Horários do Funchal (HF) que me deixou a pensar...viajei na carreira 26, às 13:10, num Mercedes O818D. Para quem não conhece, são os mais recentes autocarros da HF, aqueles pequenos muitas vezes apelidados de "corta-relvas", "pão de forma", ou a nova que ouvi ontem, "microondas". Pessoalmente não tenho muita coisa contra esses veículos, até os acho carismáticos...dentro de certos contextos. Para o meu espanto, quando entre no dito cujo (nº de frota 603), vi que este não possuía a típica fila de cadeiras duplas que segue para trás da posição do motorista. Em vez disso tinha apenas uma fila única... O primeiro pensamento que tive foi de que se não estou em erro, já viajei neste mesmo veículo e que este tinha a tal fila de cadeiras duplas. Ora, se assim fosse, o que teria acontecido? Ainda olhei para o chão do autocarro à procura de alguns buracos por onde estariam colocados os parafusos que seguravam as fileiras duplas, mas não vi nenhum sinal de que este veículo já tivesse possuído essas cadeiras. Assim, das duas uma; ou esse veículo já veio de origem com esta configuração, ou então o interior foi reformulado em profundidade, sendo que mesmo o chão deste foi trocado.
Bem, nada disto interessa de facto. O que interessa é que o número de lugares sentados disponíveis agora é mínimo. Tínhamos um amplo espaço aberto ao longo do autocarro, com apenas algumas cadeiras colocadas junto das paredes deste. E isto para servir uma carreira que se desloca ao longo de Santa Luzia, uma zona da cidade onde a maioria da população é idosa...
Assim, num instante começaram os comentários críticos acerca daquele veículo, entre os seus passageiros. Críticas baseadas em o que é que a HF estava a pensar, colocar um autocarro que praticamente só leva gente de pé, a fazer uma carreira para pessoas reformadas. Críticas de que aqueles autocarros apenas deveriam servir zonas que transportassem na maioria trabalhadores e jovens...e por aí a fora. De facto esse autocarro deveria ter apenas 4 a 6 lugares sentados "normais", ou seja, sem posicionamento lateral. É que já vi idosos a se recusarem sentar nesses lugares laterais, ou ainda mais nos que ficam de costas para o sentido de andamento do autocarro, porque ficam mal-dispostos. Aliás, já vi pessoas se recusarem a embarcar nestes Mercedes, preferem ficar na paragem esperando pelo próximo horário, com a esperança de que seja um autocarro "a sério".
E tudo isto serve para que? Acho que a HF deveria verificar junto dos seus clientes as suas reais necessidades, é que casos destes só originam críticas da parte da população para com a empresa, o que em tempos de crise, e com os aumentos descomunais que aí vem, não abonam nada à HF. Quem avisa, amigo é!
Texto e fotos: Marco Andrade, Funchal
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